O Brasil parece que ainda vive uma espécie de terceiro turno das eleições de 2018, o presidente ainda demonstra está reproduzindo 2018. Ele se manteve em um patamar e numa dinâmica eleitoral desde que ele foi eleito presidente. Não saiu deste palanque desde então.
Por outro lado, temos o principal candidato antagonista ao atual presidente, Luís Inácio Lula da Silva, e também temos o candidato que corre por detrás de ambos e se opõem aos dois ditos “extremos”, que é o Ciro Gomes. Sabemos que as eleições não se resumem a estes três candidatos, mas é inegável que eles têm a preferência do eleitorado brasileiro.
Diante desses fatos o estudante de jornalismo Rafael Braga, membro do Conversa Fiada, recebeu no seu podcast o jornalista e professor Euro Predes para comentar um pouco sobre o Brasil além das discussões partidárias e consequentemente sabermos da situação econômica e política na qual adentramos.
Ouça ou leia a entrevista abaixo:
Rafael Braga: Professor, como o senhor ver a polarização no Brasil/ Mundo ?
Euro: A polarização em si não é um problema, pois se analisarmos as eleições americanas dos últimos 20 anos, a gente vai ver que na grande maioria dos resultados, foram bem apertados os resultados. A oposição em si não é um problema e, sim, um sintoma. A partir disso, a oposição é natural em um sistema que exista alternância de poder para que aja uma vigilância para quem está no poder. Em certa medida o país está polarizado tem vantagem, o problema é por quais motivações chegamos nesse nível de polarização.
Rafael Braga: As eleições está por vir e é inegável que há um embate entre Lula e Bolsonaro e muito provável ambos irão para o segundo turno, mas ainda temos o Ciro Gomes que pode ser considerado a tal terceira via. O senhor tem analisado as propostas do Lula e Ciro Gomes, afinal as de Bolsonaro já sabemos.
Euro: Concordo que o possível segundo turno será mesmo entre Lula e Bolsonaro. Acho que Lula dialoga com o passado dele e as vezes parece que ele não direciona os passos dele pro futuro, parece que ele olha pra trás. Isso é um traço comum da esquerda, a esquerda é até um pouco conservadora nesse aspecto, por mais contraditório que possa parecer. Lula convoca esse bom tempo que houve, mas eu não vejo algo direcionado para frente. Já Ciro Gomes não tem um passado pra falar, mas tem um projeto desenvolvimentista nacional, independente se o projeto é bom ou não, ele quer criar um projeto pro futuro. Já Bolsonaro eu acho que os “tickets” do projeto dele são bem poucos, ele enfatiza muito em família, armas e Deus, mas são temas muito vazios, afinal o que seria a família tradicional? Os temas são importantes e acabam sendo seduzido pelas pessoas, mas requer muita seriedade para tratar desses temas.
Rafael Braga: O senhor acha que se não houvesse a pandemia, Bolsonaro seria reeleito?
Euro: Eu acho que a pandemia foi um sintoma e que se não fosse ela Bolsonaro faria besteira em alguma outra área. Bolsonaro agiu completamente contra a posição que o Ocidente estava indo e ele resolveu não lidar com a pandemia. O ocidente estava valorizando um discurso científico que Bolsonaro colocava em xeque o tempo. Se não fosse a pandemia, ele teria criado uma “pandemia” só nossa.
O bate papo rolou diversos assuntos, se quiser saber mais sobre os assuntos abordados nesse pequeno resumo acima, ouça o podcast e confira o bate papo completo. Euro é professor de Comunicação no Centro Universitário Jorge Amado, mestre e doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Universidade Federal da Bahia.
