Foto: bienal do livro SP

Salvador fica entre as dez capitais que mais leem, entretanto, a taxa de livros lidos por completo é de 2,45%.

Pesquisa realizada pelo Ibope, aponta a capital baiana como a 9ª no ranking das cidades que mais leem.

Por Vanessa Damasceno

O índice de leitura no Brasil não é dos melhores quando se compara com outros países, ficando na 27ª posição com uma média semanal de 5,2 horas por habitante, entretanto segundo pesquisa realizada em 2019, pelo Instituto Pró-Livro, junto ao Ibope, cerca de 52% dos brasileiros possuem o hábito de ler, sendo mais da metade da população, o que é algo considerável apesar de ser inferior a outros países.

Nessa mesma pesquisa, Salvador fica entre as dez capitais que mais leem, possuindo 57% da população sendo leitora. Apesar da capital baiana possuir um número considerável de leitores, a pesquisa mostra que a quantidade de livros lidos por completo é baixíssima sendo apenas 2,45%, isso que a maioria dos participantes não leram por vontade própria, boa parte foi por indicação da escola ou algo relacionado. Isso só serve para mostrar como falta incentivo nessa área para a população soteropolitana.

Ler é um ato importante para a vida, ajudando em diversos âmbitos como na melhora e aumento do vocabulário, estimulo da criatividade, a desenvolver um senso crítico, que é muito necessário para poder debater sobre os mais diversos assuntos, o que torna importante buscar informação nos mais diversos meios, como os livros, sendo essencial investir nisso.

A leitura pode ser incentivada com eventos voltados para essa área, e que ainda não são muito frequentes na Bahia, a maior parte deles se concentram na região sudeste, mais especificamente, em São Paulo. Isso além de dificultar o acesso dos consumidores das outras regiões a essa parte cultural, pode prejudicar até os escritores, que são de outros locais, de poderem se consolidar no mercado, já que não vão interagir pessoalmente com aqueles que consomem suas obras.

Foto: Alice Bacivangi

A Bienal é uma forma de se lançar profissionalmente, realizar um networking e atrair pessoas novas para sua rede de leitores, então poder fazer isso perto de onde moro facilitaria muito não apenas a inserção no mercado como o acesso a ele” comentou a autora da duologia Feita de Prada, Alice Bacivangi, que morou a maior parte da sua vida em Salvador, sobre como ter mais eventos literários facilitariam sua maior inclusão no mercado.

Quando se pensa em Salvador, até existem eventos voltados para literatura, por exemplo a ‘feira literária internacional do Pelourinho’ que tem livros com valores mais baratos, ajudando a democratizar o acesso a eles, visto que os valores de alguns deles nas livrarias são altos. A própria Bienal do Livro, que teve uma edição em novembro, também ocorre aqui, mas não tem a mesma proporção e estrutura que a de São Paulo, apesar disso continua sendo algo importante e que ajuda a despertar nos baianos o interesse em ler, além manter os que já são leitores, por ter uma interação com artistas e escritores conhecidos.

Ajuda demais. É uma forma de se reunir com pessoas com os mesmos interesses que você, em palestras, brincadeiras e atividades. Acho essencial ter esse tipo de evento“. Disse Alice Bacivangi.

Importância de estimular a leitura infantil

O estimulo pode acontecer desde a infância seja em casa, nas escolas ou por projetos sociais, sendo essa a maneira mais fácil de fazê-la se tornar um hábito, além de ajudar no próprio desenvolvimento da criança. No caso da capital baiana, existe um programa de arte-educação da prefeitura, feito através da Fundação Gregório de Matos, voltado para isso que é o ‘Caminhos da Leitura’. Esse projeto visa estimular o habito e o prazer da leitura por meio da circulação de livros, exposições, contação de histórias, encontros com escritores, oficinas de produção de bonecos e apresentação de contos cantados em escolas, bibliotecas e praças de vários bairros. Então, projetos como esse são necessários, visto que servem para democratizar e facilitar o acesso das classes mais baixas, diminuindo a segregação que ainda existe nessa área.

E-books democratizam o acesso?

Com o celular sendo um dos aparelhos que as pessoas mais passam tempo, os brasileiros mesmo, segundo relatório do ‘App Annie Intelligence’, ficam cerca de 5,4 horas por dia, assim a criação dos e-books também ajudou a facilitar o acesso aos conteúdos literários, visto que as pessoas podem ler pelo próprio smartphone, não sendo preciso se locomover até uma livraria para comprar ou caso seja uma compra online ter que pagar um frete, que costuma ser caro para Salvador e outros lugares do nordeste, e esperar chegar, com o e-book na mesma hora já é possível acessá-lo e ainda costuma ser mais barato que um livro físico.

Sim. Hoje em dia praticamente todo mundo tem celular e internet. Os e-books além de alcançarem uma enorme gama de pessoas, são mais baratos que os livros físicos, o que facilita a compra para os leitores.” Respondeu a autora, que iniciou sua carreira através desses e-books, quando questionada sobre o assunto.

Então ler é algo essencial, tornando importante ter projetos e ações que ajudem nesse estímulo e que facilitem o acesso de todos, principalmente das classes baixas, cabe aos órgãos governamentais cria-los e isso vai favorecer não somente a população soteropolitana, mas ao próprio governo já que a capital iria se destacar no país, visto que os índices de leitura aumentariam, trazendo mais visibilidade a cidade e, consequentemente, aos governantes.

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