De que forma a comunicação pode contar a história do algodão na Bahia?
Por: Adriane do Espírito Santo Silva
A região de Luís Eduardo Magalhães é conhecida por ser o local onde se produz o “ouro branco do cerrado’’, o algodão, sendo a principal fonte de renda de cem mil habitantes. Esse número populacional só vem aumentando ao longo dos anos, o que faz da cidade de LEM um polo econômico importante para a Bahia.
Segundo dados da Revista Adoro, enquanto o Brasil avança em sua posição na produção global de algodão, a Bahia emerge como um dos principais centros de produção do país. Na safra 2022/2023, mais de 80% dos campos já foram colhidos, trazendo razões para celebração entre os produtores de algodão do estado. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), estima-se que a Bahia irá colher aproximadamente 600 milhões de toneladas de pluma em uma área de cultivo de cerca de 313 mil hectares, o que equivale a 3130 km².
Um dado notável deste ano é a produtividade média na região oeste da Bahia, que será a mais alta do Brasil, com uma colheita prevista de 328 arrobas por hectare. Isso supera a média nacional de 295 arrobas por hectare, conforme informado pela Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa).
Como o segundo maior produtor de algodão do Brasil, o estado se destaca em dois principais polos de cultivo. A região oeste abriga 97,8% da produção estadual, beneficiada por condições ideais para o cultivo, incluindo terrenos planos, mecanização, clima favorável e uma infraestrutura logística bem desenvolvida. Os restantes 2,2% são cultivados no sudoeste, e a área plantada continua a crescer, com um aumento de 1,16% em comparação com a safra anterior, de acordo com estimativas da Conab.
Como a comunicação ajuda a contar histórias do ‘ouro branco do cerrado’?
Entendendo a relevância da população baiana e brasileira saber mais sobre o agronegócio,a produção de algodão e as benfeitoria dessa região, a comunicação se faz importante para a propagação dessas e outras informações sobre diversos assuntos de relevância social, dessa vez, pensando no Oeste da Bahia, apenas o que se sabe é que há uma abundância de plantio, mas o que há, além disso?
Recentemente, estudantes de jornalismo de diversas universidades da Bahia foram até Luís Eduardo Magalhães para conhecer um pouco mais sobre o mundo do agro, no Prêmio Ababa de Jornalismo. Há uma extrema relevância nessa região que poucas pessoas sabem e não há pessoas melhores para contar essas histórias do que comunicadores.
Para a estudante de jornalismo da Universidade Federal da Bahia, Lila Sousa, 30 anos, a experiência de poder ver na prática como as coisas funcionam do outro lado da Bahia é o que mais te encanta:
“Eu acho a oportunidade de estar aqui muito bacana, principalmente para estudantes de jornalismo, a Abapa oferece a oportunidade de conhecer não só como funciona a indústria e a produção de algodão como também dão para gente a oportunidade de conhecer outro lado do jornalismo que a gente não tem tanto contato no dia a dia, então a gente pode entender a cadeia de processo para depois pensar em produzir e mostrar para outras pessoas numa linguagem um pouco mais fácil, uma linguagem um pouco mais compreensível. Então, eu acho que essa experiência dá a gente oportunidade de campo que a gente não tem todo dia na universidade, e é super válida”, afirma.
E conclui: “Eu acho que tudo que a gente faz na nossa vida e todas as experiências que a gente vive, elas podem ser divididas entre o antes e o depois dessa experiência. Então eu acho que a minha experiência dentro da comunicação vai ser diferente depois da ABAPA principalmente porque eu vou ter que pensar: eu estou sendo provocada a pensar uma forma de explicar e aplicar, mostrar para outras pessoas, de uma forma que elas compreendem, de uma forma que elas entendam o que foi estar aqui, o que é a importância dessa indústria e dessa cultura dentro da nossa economia, dentro do nosso país, do nosso estado.”
Não só são os estudantes que estão contentes com a iniciativa do APABA, mas os próprios profissionais do núcleo de comunicação da ABAPA, Yurika Haidaka, 42, é fotógrafa e publicitária, nasceu no Paraná, mas reside em Barreiras há muitos anos e diz que se sente muito feliz em poder registrar essa iniciativa da Associação:
“A fotografia é algo que me realiza, né? Eu fico muito feliz e novamente realizada quando vejo que as minhas fotos foram utilizadas para registrar momentos únicos de aprendizado aqui no prêmio de jornalismo, é um incentivo muito bacana.”
O Marketing da Franciosi e a importância da propagação da comunicação para o Agronegócio
O grupo Franciosi nasceu no ano de 1986 por meio de uma família que veio do Rio Grande do Sul com uma vontade imensa de fazer história no agronegócio, eram apenas 300 hectares, que se transformou em 81,9 mil. Essa vontade se transformou em uma grande empresa com uma das virtudes mais importantes para um negócio: a coragem.
É falando dessa coragem que fez Maíra Azevêdo ir da capital soteropolitana para Luís Eduardo Magalhães arriscar uma nova vida ao lado do seu esposo, e foi no Marketing do grupo Franciosi que decidiu escrever uma nova história:
“Minha vida no agro é tudo muito novo, eu estou há apenas um ano em Luís Eduardo e meu marido veio para trabalhar aqui na Franciosi e foi onde eu acabei ficando também. A empresa está buscando cada dia mais se profissionalizar, trazer profissionais que entendam do mercado, que saiba capacitar as pessoas, que possam propagar as informações, tirar aquelas dúvidas e curiosidades das pessoas que não são daqui para poderem entender um pouco sobre o processo do algodão. Mas ainda, sim, o setor de comunicação do agronegócio é algo muito novo e eu particularmente acho super importante ter esse núcleo de comunicação por que para quem está de fora tem uma visão extremamente negativa do agronegócio, mas só quem realmente vê, vive e sabe como funciona é que realmente conhece o que é o agro, e para isso que serve a comunicação né? Para que as pessoas conheçam histórias que não foram contadas”, destaca.
De onde vem os alimentos que você consome?
O projeto ‘Vem Daqui’ surgiu a partir de um produtor rural inquieto com o fato das pessoas não saberem de onde vem os produtos as quais consomem, vestem e utilizam no dia- a-dia. David Schmidt é de Luís Eduardo Magalhães, e decidiu usar a comunicação para propagar conhecimento.
David além de produtor é o criador do canal: “Vem Daqui” no YouTube, a sua ideia surgiu desde setembro de 2022, e hoje alcança mais de 1,28 mil inscritos. Para ele, as pessoas que estão fora da realidade rural acabam não compreendendo como funciona para que os alimentos e materiais cheguem até os seus lares:
“A ideia do projeto surgiu pela dificuldade que a gente observa do agro gerar conteúdo material que busque essa aproximação com a pessoa que mora na cidade, a gente tem esse grande desafio de mostrar para as pessoas o que é a zona rural”, afirma.
“Nós estamos aqui numa região agrícola, então as pessoas, de certa forma, sabem o que é a agricultura agropecuária. Agora, quando a gente vai parar nos grandes centros como São Paulo, Belo Horizonte, Brasília,o pessoal já tem uma certa dificuldade, inclusive de reconhecer a origem dos alimentos”, conclui.
É entendendo essa dificuldade de reconhecer a origem do que se consome que o produtor compartilha diversas experiências por onde passa. Em entrevista à Revista Adoro, David conta que passou por uma situação em que percebeu a complexidade do assunto:
“ Estava em um café da manhã e ouvi uma pessoa dizer que não come carne suína, mas estava comendo presunto. Fiquei um pouco constrangido em falar, e chega a ser engraçado o quanto essas pessoas não têm noção do que os produtos que comem são feitos.”