Um espaço de acolhimento e transformação social, onde as mulheres encontram apoio, fortalecem laços e tornam acessíveis serviços essenciais para a comunidade.
Por: Ana Beatriz, Lucas Matos, Rafael Rocha e Vanessa Damasceno
Na comunidade do Curralinho, em Salvador, um espaço nasceu repleto de afeto e representatividade: a Casa Crioll’As. Criada em 2023, é composta por 7 mulheres pretas e pardas, a iniciativa vai além de ser um simples projeto de empreendedorismo; é um verdadeiro movimento social. Essas mulheres se tornaram referência na região e o seu empreendimento se tornou um ato de resistência e empoderamento.
A Casa nasceu com a intenção de ser muito mais do que um espaço de serviços; tornou-se um refúgio, um ponto de união para mulheres que encontram, ali, apoio e força em meio às adversidades. É um lugar onde o trabalho de mulheres é destinado, principalmente, a outras mulheres, oferecendo cuidados que vão além do material — cuidando da mente e da autoestima.
Oferecem serviços de advocacia, arquitetura, psicoterapia, dança, estética e mentorias — atividades que, para a população de baixa renda, muitas vezes não são nem cogitadas. Serviços que, antes vistos como inatingíveis, tornam-se acessíveis, devolvendo dignidade e esperança. Cada atendimento, cada gesto, carrega a intenção de fortalecer laços e oferecer aquilo que a vida tantas vezes negou: acolhimento, cuidado e oportunidades reais de transformação.
Quebrando Limites
Atualmente, as mulheres estão à frente de cerca de 34% dos micro e pequenos empreendimentos na Bahia, de acordo com o Sebrae, rompendo barreiras em um ambiente historicamente dominado por homens. Esse avanço não só desafia as estatísticas, evidencia também que o empreendedorismo feminino está em contínua ascensão e que essa parcela popular têm ocupado, com coragem e determinação, um espaço cada vez mais relevante apesar das adversidades. Seus projetos são a prova viva de que elas estão mudando o cenário, chegando em lugares que antes eram tidos como impossíveis, reescrevendo suas próprias histórias de sucesso.
A advogada da CasaCrioll’As , Adriana Oliveira, ressaltou sobre a importância da mulher no cenário empreendedor e sua formalização.
“O empreendedorismo feminino é de suma importância. E me ver nesse contexto melhor ainda por conta da referência. Na minha época, não tinha muitas referências de mulheres negras que empreendiam. Empreendiam sim, de forma informal, hoje não. A gente vê o empreendedorismo feminino ganhando força e também ganhando um amparo legal para que ele possa se consolidar. Então, o empreendedorismo feminino está crescendo e é pauta em todas as discussões.”
Iniciativas como da Casa Crioll’As, por meio de projetos como o “Dando Grau no Corre”, que se destaca como uma das mais importantes ações de incentivo ao empreendedorismo local. A palestra gratuita oferecida por elas não apenas abre novos caminhos para aquelas que desejam empreender, mas também as motiva a romper com a dependência e a construir uma vida de autonomia e realização. Mais do que promover negócios, o “Dando Grau no Corre” fortalece o espírito da inclusão social, abrindo portas para que essas mulheres conquistem sua liberdade pessoal e profissional, transformando desafios em oportunidades e sonhos em realidade.
Um exemplo importante do impacto dessa iniciativa é a história de Érica, uma designer de sobrancelhas que descobriu seu potencial como empreendedora e começou a mudar sua história de vida. Após de uma mentoria oferecida por uma das integrantes da Casa Crioll’As, Érica teve o que ela descreve como uma verdadeira “virada de chave”. Com a orientação e apoio certos, ela finalmente se sentiu capaz de dar o passo decisivo e abrir seu próprio negócio, descobrindo uma força interior que, até então, parecia distante ou inexistente. O projeto não só ampliou suas perspectivas, mas também a ajudou a acreditar plenamente em seu próprio sucesso.
A iniciativa da Casa Crioll’As, que começou como um sonho de acolhimento, transformou-se em uma rede de apoio e empoderamento, um ambiente onde cada mulher encontra força para modificar sua própria realidade e, ao mesmo tempo, sua comunidade. Mais do que um espaço de serviços, tornou-se um verdadeiro farol de possibilidades.