Sons do Subúrbio: Música e Transformação

No Subúrbio Ferroviário de Salvador, a música abre caminhos para jovens talentos superarem barreiras e transformarem suas realidades.

Por: Ana Beatriz, Lucas Matos, Rafael Rocha e Vanessa Damasceno

Nos subúrbios das grandes cidades, a música deixa de ser apenas um som e se transforma em um símbolo de resistência, identidade e esperança. Para muitos jovens, ela é o caminho para escapar da invisibilidade, mas trilhar esse caminho costuma ser desafiador. A falta de apoio financeiro, a escassez de infraestrutura e o preconceito social são barreiras que tentam silenciar esses talentos.

Um empreendimento social surge com o poder de mudar essa realidade no Subúrbio Ferroviário de Salvador: o Sons do Subúrbio. Idealizado pela empreendedora do ramo de produção cultural Edmilia Barros, o projeto tem a intenção de dar voz e oportunidade a artistas que, por muito tempo, se viram ignorados. Esses talentos agora veem seus sonhos se tornarem realidade, com a chance de levar sua arte além das fronteiras da periferia.

Através do apoio de patrocinadores, o Sons do Subúrbio ultrapassa barreiras que antes pareciam impossíveis. Ao longo de seis meses, os artistas têm a chance de gravar suas músicas, se apresentar e receber mentorias que os impulsionam a acreditar no próprio potencial.

Para Edmilia, que cresceu no Subúrbio Ferroviário e conhece de perto as dificuldades de quem sonha com uma carreira na área cultural, o projeto é mais do que uma iniciativa social — é a realização de um sonho. Ao criá-lo, a empreendedora oferece a esses músicos a mesma esperança que um dia a fez superar as dificuldades da vida na periferia baiana, é a vez deles construírem suas novas histórias.

Talento e Autoconfiança

A transformação que o Sons do Subúrbio proporciona vai além das oportunidades artísticas; ela afeta diretamente o desenvolvimento pessoal dos jovens envolvidos, refletindo em sua autoconfiança. Axel Lór, cantor e compositor que encontrou nessa inciativa a chance de lapidar seu talento e compartilhar suas composições com um público maior, confirma que desde que ingressou no Sons sua vida tem mudado drasticamente.

Esse empreendimento modificou também a relação dos artistas com o ambiente artístico, especialmente daqueles que atuam de forma independente e enfrentam dificuldades para entender a burocracia envolvida nesse meio. Através dessa iniciativa, esses jovens talentos ganham mais do que visibilidade; recebem as ferramentas e os aprendizados essenciais para construir suas carreiras com a autonomia necessária e acreditar no próprio potencial.

Para Nanashara Vaz, participante do projeto, o impacto foi marcante e afirma que sua vida profissional mudou completamente após sua entrada na iniciativa. O Sons do Subúrbio não apenas ofereceu espaço para sua arte, mas também forneceu o conhecimento necessário para sua profissionalização, algo que antes era de difícil acesso.

Além disso, esse projeto é uma resposta à desigualdade de acesso à cultura. Dados de um levantamento da Fundação Perseu Abramo, em 2021, evidenciam que apenas 10% dos investimentos públicos em cultura chegaram às periferias das grandes cidades. A maioria dos recursos foi concentrada em regiões centrais, mais desenvolvidas. Edmilia sabia disso quando idealizou o projeto. Sua própria história de superação serviu de alicerce para criar um ambiente em que artistas possam expressar sua arte e desafiar os estigmas sociais que cercam o subúrbio.

Empreendedoras como Edmilia Barros desempenham um papel crucial no cenário social, pois trazem uma visão que transforma realidades. Essas líderes criam pontes entre suas comunidades e as oportunidades culturais, democratizando o acesso à arte e capacitando jovens talentos. Seu trabalho impacta diretamente comunidades inteiras, provando que a força do empreendedorismo feminino é capaz de quebrar barreiras e fomentar uma mudança social duradoura.

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