Qual a relação dos patrocínios nas camisas de times de futebol no Brasil com o momento histórico e sociopolítico atual do país?
A história dos patrocínios em camisas de times de futebol no Brasil está intimamente ligada aos momentos políticos e econômicos do país. Desde os primórdios até a era moderna, os patrocínios das camisas refletem as transformações econômicas, políticas e sociais que o Brasil vivenciou em cada década.
Entenda, através de uma linha do tempo, a evolução dos patrocínios ao longo das décadas, e como suas mudanças refletem o momento atual do Brasil.
Os Primeiros Patrocínios
Nos anos 80, a ideia de patrocínio esportivo começou a ganhar força.Em 82, o Democrata de Sete Lagoas foi o primeiro time a estampar um patrocínio em sua camisa, após uma portaria do Conselho Nacional dos Desportos (CND) autorizar a publicidade. O patrocínio era da empresa mineira de material esportivo, a “Equipe”. Com um valor de Cr$ 500 mil (equivalente hoje a cerda de R$ 19 mil).
A Abertura Econômica e a Expansão dos Patrocínios
Com a redemocratização do Brasil e a abertura econômica promovida pelo governo de Fernando Collor, os anos 90 viram um aumento significativo nos patrocínios esportivos. Empresas multinacionais começaram a investir no futebol. A camisa do Palmeiras, por exemplo, exibiu a Parmalat, uma parceria que trouxe não só patrocínio financeiro, mas também investimentos em infraestrutura e jogadores.
Anos 2000: Globalização e Diversificação dos Patrocinadores
A virada do milênio trouxe consigo a era da globalização, com mais empresas estrangeiras investindo no futebol brasileiro. Durante o governo de Lula, o Brasil vivenciou um crescimento econômico robusto, refletido na diversificação dos patrocinadores. Empresas de telefonia, bancos e produtos de consumo começaram a dominar as camisas dos clubes. A economia estável e o aumento do poder de consumo interno ampliaram o mercado publicitário.
Anos 2010: Crise Econômica e Criatividade nos Patrocínios
A partir de 2014, com a crise econômica e política no Brasil, os clubes de futebol enfrentaram dificuldades financeiras. A necessidade de captar recursos levou a uma criatividade maior nos patrocínios, com múltiplos patrocinadores dividindo espaço nas camisas. Essa década também foi marcada pela introdução de marcas menos tradicionais e até segmentos inesperados, como a Uber no Flamengo e a Caixa Econômica Federal em vários clubes.
Pós-2018: A Explosão dos Sites de Apostas
Com a sanção da Lei 13.756/18 pelo então presidente Michel Temer, regulamentando as apostas esportivas, houve uma verdadeira explosão de sites de apostas patrocinando clubes de futebol. A legalização e regulação do setor abriram as portas para um influxo significativo de capital, refletido nos patrocínios principais das camisas de muitos times brasileiros. Clubes como Corinthians, Flamengo e Atlético Mineiro estamparam em suas camisas marcas de apostas esportivas, reforçando a importância econômica desse novo setor.
Conversamos com o economista feirenese Henrique Gomes para entender melhor a relação dos patrocínios de camisas de time com a economia do país, visto que essas marcas estampadas nas camisas comunicam bem o que acontece economicamente e politicamente com o Brasil.
“A economia brasileira está diretamente relacionada aos produtos culturais e de entretenimento, e o futebol é um deles. Estamos falando de um ambiente onde o mercado e o consumo praticamente respiram esse esporte, e uma das formas de reafirmar esse movimento, são os patrocínios explorados no meio, não só considerando uma instituição, mas o produto futebolístico como um todo, seja uma confederação, um campeonato, atletas e entre outros exemplos, hoje se tem marca em praticamente tudo e ajuda a te explicar a relação do futebol e da economia.“
Como foi dito, a economia e o futebol estão diretamente ligados
e um dos pontos que ligam os dois tópicos, é a publicidade. Hoje, os sites de aposta vem tomando o espaço não só nas camisas, mas também nas placas de publicidade, comerciais e parcerias; é um movimento que é mais evidente do que já foi de outros ramos um dia, talvez seja um sinal, e é preciso alertar ao consumidor do meio que decisões arriscadas não podem ser tomadas, há uma diferença clara entre movimentar renda fixa e renda extra nesses mercados, somente uma pequena parcela dos consumidores possuem todos os mecanismos de pesquisa e estatísticas que os profissionais das apostas utilizam, mecanismos que dão mais abertura e segurança para tentar fazer desse entretenimento uma forma de renda fixa, ainda que arriscado.
É extremamente necessário fazer essa avaliação e tomar cuidado. Essas marcas não estão nas camisas ou em outras locações dessas instituições à toa, elas respondem algo, sempre responderam e a importância de matérias como essa é amplificar o foco para isso, até porque hoje, o que está em alta (sites de apostas) mexe com o futuro financeiro não só de cada brasileiro envolvido, mas também do país como um todo.”
Por Carlos Matos e Giovanna Andrade