Manifestantes seguram faixa em manifestação contra a 'cura gay', em SP

Da Marginalização à Inclusão: A Luta Contra a AIDS no Brasil

Por Cauã Sodré, Emerson Leone, Geovanna Costa, Laís Galvão e Vanessa Santana

Na década de 1980, a AIDS chegou ao Brasil causando pânico geral. Naquela época, receber o diagnóstico de AIDS era praticamente uma sentença de morte. A mídia apelidou a doença de “câncer gay”, espalhando ainda mais medo e preconceito e, para muitos religiosos, a epidemia era vista como um “castigo divino” para quem ousava se relacionar com pessoas do mesmo gênero ou fazer sexo sem o propósito de procriação.

Até 1990, quase metade dos casos de AIDS no Brasil envolviam homens homossexuais ou bissexuais, e o atendimento para essas pessoas era claramente desigual e de baixa qualidade. Esse preconceito só começou a diminuir quando outras formas de transmissão, como o uso compartilhado de seringas e transfusões de sangue contaminado, foram descobertas.

“Jornal Luta Democrática” – 10/1983
“Jornal Luta Democrática” – 10/1983 – “Peste Gay é a epidemia do século” e “Pânico entre os homossexuais”

A LUTA POR IGUALDADE 

A igualdade no tratamento para pessoas de todas as orientações sexuais começou a ganhar força no Brasil com a crescente conscientização e mobilização social. Um grande marco foi a criação do Programa Nacional de DST/AIDS em 1986, que passou a tratar a epidemia de forma mais inclusiva e abrangente, sem discriminação baseada na orientação sexual.

Nos anos 2000, a implementação de políticas públicas e a atuação de ONGs impulsionaram a promoção dos direitos humanos e a luta contra o estigma e a discriminação. Graças a esses esforços, hoje temos um sistema de saúde muito mais inclusivo e atento às necessidades de todos. 

Um jornal da década de 1980, exibido no filme “Carta para além dos muros”/ Foto: Reprodução

ENTENDENDO A “CURA GAY” 

O termo foi popularizado nas décadas de 1980 e 1990, A “cura gay” é um conceito ultrapassado e super problemático que foi popularizado nas décadas de 1980 e 1990, que tenta “mudar” a orientação sexual de alguém, basicamente forçando pessoas LGBTQIA+ a se tornarem heterossexuais. Esse tipo de prática, defendida principalmente por grupos conservadores e religiosos, é pseudocientífica e não tem nenhum embasamento real.

Profissionais de saúde mental e a Organização Mundial da Saúde (OMS) já falaram várias vezes que essas terapias de conversão não só não funcionam, como também fazem um mal danado. Quem passa por isso pode acabar sofrendo com depressão, ansiedade e uma baita queda na autoestima.

No Brasil, o Conselho Federal de Psicologia proíbe qualquer tipo de intervenção desse tipo, deixando claro que ser gay, lésbica, bi, ou qualquer outra orientação não é doença e não precisa de cura. O importante mesmo é promover aceitação e respeito, para que todo mundo possa viver suas verdadeiras identidades com dignidade e apoio.

 

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