O aumento no tempo de exposição a aparelhos eletrônicos pode ser prejudicial para a educação e saúde mental.
Por Amanda Passos e Paula Almeida
Salvador/BA – 01/07/2024
Crianças e adolescentes estão usando a internet cada vez mais cedo e essa exposição contínua pode ser prejudicial no desenvolvimento da juventude atual, gerando sequelas tanto físicas quanto psicológicas.
De acordo com a PNAD, realizada no quarto trimestre de 2022 e divulgada pelo IBGE em novembro de 2023, estima-se que 85% de crianças com idade entre 10 e 13 anos e 94% de adolescentes entre 14 e 19 anos possuem acesso à internet.
Através desses dados, percebe-se que a introdução de crianças aos meios digitais está acontecendo de maneira precoce, assim como evidencia que, no cenário atual, dificilmente esses jovens não possuem acesso a essas mídias.
Os Impactos na saúde mental
Para a psicóloga Manuela Guimarães, o uso exacerbado de telas é totalmente prejudicial a crianças e adolescentes, principalmente no que diz respeito aos aspectos sociais desses indivíduos.
[…] diante da tela, a pessoa está extremamente passiva, recebendo estímulos sensoriais (auditivo, visual) e, qualquer desconforto pode ser sanado em um “clique”. É muito possível que o imediatismo, a baixa tolerância à frustração e a impaciência aumentem de forma considerável. Por outro lado, as habilidades sociais e a atenção focada e compartilhada tendem a reduzir, uma vez que, normalmente interações sociais e aulas escolares, por exemplo, não apresentam o mesmo nível de estimulação e entretenimento passivo do que as telas”.
Além das sequelas no desenvolvimento social, a psicóloga comentou sobre alguns outros sinais decorrentes do vício em telas nos jovens, sendo eles: agressividade, baixo desempenho escolar e desatenção.
A profissional diz que ainda não há um consenso sobre o período certo para que os jovens fiquem expostos a aparelhos eletrônicos, mas recomenda que o tempo de acesso a telas não passe de 90 minutos por dia.
Desempenho acadêmico
Com o aumento da dependência tecnológica causada pela pandemia de coronavírus, o desempenho acadêmico dos alunos tornou-se uma preocupação constante para os profissionais da educação.
Em entrevista, o professor de História René Nobre, explica a situação.
Iniciativas e soluções
Em entrevista com a também professora Cíntia Oliveira, a educadora discorreu sobre as dificuldades enfrentadas por ela e outros profissionais em sua instituição de ensino:
Os alunos mostram-se desinteressados pelos conteúdos escolares, não perdem uma oportunidade de acessarem as redes sociais, utilizando a Internet apenas para diversão e quase nunca para buscar mais informações sobre os assuntos trabalhados”.
A docente também mencionou algumas estratégias usadas pela escola em que leciona para atrair a atenção e interesse dos alunos de volta para as aulas:
Nos intervalos ou aulas vagas liberamos para as turmas jogos de tabuleiro como dominó, dama, xadrez, além de promover oficinas de pintura e visita à biblioteca para estimular a leitura”.
Em alguns estados do Brasil, como São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará, a questão da dependência dos jovens em meios digitais saiu da sala de aula e se tornou pauta importante para os governantes, gerando a necessidade da criação de leis para tentar controlar o uso de eletrônicos nas escolas. O estado da Bahia está com o projeto de lei n 25.203/2024 em andamento, a PL almeja a proibição do uso de aparelhos móveis dentro de salas de aulas em todo o estado.
Mas, para além das providências tomadas pela lei e por escolas sobre esse assunto, o papel dos pais segue sendo fundamental para evitar que crianças e adolescentes sofram com os danos provindos do uso de telas. Medidas simples como implantar um tempo limite para o uso de aparelhos, monitorar o conteúdo assistido, propor brincadeiras e incentivar conversas com seus filhos, fazem toda a diferença.