Será que é válido copiar e colar? (Reprodução/Arquivo)
Será que é válido copiar e colar? (Reprodução/Arquivo)

IAs podem ou não ser suportes em trabalhos acadêmicos?

Texto produzido pelos estudantes de Jornalismo Bruna Rocha, Caroline Bispo, Fátima Paiva, Ives Joabe e Tiffany Duarte.

Os limites da inteligência artificial e a linha tênue entre produção de conteúdo e o plágio

Será que é válido copiar e colar? (Reprodução/Arquivo)

Com o avanço da Inteligência Artificial (IA) e o crescente uso de tecnologias gerativas, surge a preocupação sobre o plágio e a autoria no mundo digital. A capacidade das IAs de gerar textos de forma autônoma e imitar estilos e conteúdos levanta questionamentos sobre os limites éticos e legais do uso dessas tecnologias.

As ferramentas baseadas em IA têm o potencial de auxiliar no processo de pesquisa e elaboração de textos, fornecendo respostas e referências de forma rápida e eficiente. Recentemente ganhando um “boom” de popularidade, as ferramentas fizeram com que as discussões sobre o uso ou não em ambientes acadêmicos e profissionais fossem bastante debatidas. No entanto, a preocupação central não deve ser apenas a “cola” ou a detecção de plágio, mas sim a questão da autoria, dos direitos autorais e das fontes.

Mesmo com as novas IA apresentando melhores recursos para indicar suas fontes, a linha entre autoria e referência tende a se tornar cada vez mais turva.

É essencial refletir sobre os limites do uso dessas tecnologias e considerar regulamentações tanto em nível nacional quanto em cada instituição de pesquisa. Uma proibição total pode resultar em um atraso na pesquisa em relação a grandes centros de inovação. Portanto, a discussão deve girar em torno de um uso inteligente e ético das tecnologias geradoras.

Além das preocupações sobre autoria e plágio, essas tecnologias também têm implicações sociopolíticas significativas. A transformação do mercado de trabalho é um aspecto importante, pois muitas funções e ocupações podem se tornar obsoletas com o avanço da IA. A distinção tradicional entre trabalho manual e intelectual é desafiada, redefinindo a própria ideia do que é trabalho.

Outra questão ética envolve a possibilidade de as tecnologias de IA gerarem textos que borram ainda mais a noção de autoria. Complexas tramas intertextuais podem ser apropriadas por diversos atores, tornando difícil distinguir a origem e a autenticidade das ideias. Isso ocorre quando fragmentos e ideias de outros autores são usados sem crédito ou remuneração, ou quando pessoas se apropriam das ideias alheias como se fossem suas, dificultando a atribuição correta das vozes presentes nos discursos.

Além disso, há o risco de enfraquecimento de instituições tradicionalmente associadas à produção de informações e conteúdo. Institutos de pesquisa, universidades e meios de comunicação podem enfrentar desafios não apenas em termos de receitas, mas também de legitimidade pública, considerando as consequências de longo prazo dessas tecnologias.

Afinal, o que é plágio?

Plágio é a prática de copiar algo, na internet: CTRL + C. (Reprodução/Arquivo)

O plágio é a prática de copiar ou imitar obras, ideias, textos ou qualquer forma de expressão autoral sem dar o devido crédito ou obter permissão do autor original. É considerado um ato desonesto e antiético, violando os direitos autorais e a propriedade intelectual.

A prática pode ocorrer em diversos contextos, como na produção acadêmica, literária, artística, jornalística e digital. É importante ressaltar que o plágio não se limita apenas à cópia literal de um texto, mas também abrange a reprodução de ideias, conceitos e estruturas sem a devida atribuição.

No meio acadêmico, por exemplo, é comum que os estudantes sejam orientados a fazer referências e citar adequadamente as fontes utilizadas em seus trabalhos, garantindo a integridade intelectual e acadêmica. A falta de citação correta ou a omissão deliberada de créditos constituem plágio e podem ter consequências sérias, como a desqualificação de um trabalho ou até mesmo ações legais.

No Brasil, a prática de plágio é crime previsto no Artigo 184 do Código Penal, e a pessoa que viola direitos do autor pode ser sujeita à pena de detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. No contexto digital, com o avanço das tecnologias e a facilidade de acesso a informações, o plágio tornou-se mais frequente. A cópia não autorizada de conteúdos publicados na internet, como textos, imagens, vídeos e músicas, também é considerada plágio.

No universo da internet, o plágio é definido como a cópia não autorizada de criações autorais científicas, literárias ou artísticas. Redes sociais já implementaram canais específicos para denúncia de violação de direitos autorais, permitindo que os usuários denunciem casos de plágio. No entanto, no caso de textos gerados por IAs, não há a possibilidade de processar ou responsabilizar juridicamente uma pessoa pelo uso desses textos, uma vez que não é possível identificar até onde o conteúdo criado é autoral ou até mesmo o responsável pelos conceitos que são acumulados por aquela inteligência.

É importante destacar que as IAs são alimentadas por dados produzidos por humanos. Ferramentas como o ChatGPT, que produziu a descrição do que é plágio, em negrito no texto, não informam claramente de onde foram tiradas as suas referências.

Em sua maioria, as IAs coletam informações consideradas mais relevantes de um extenso banco de dados de tudo que está “na web”, o que pode incluir informações não mais atualizadas.

Sendo assim, a responsabilidade de fornecer referências e créditos adequados deve ser compartilhada entre os usuários e as plataformas. A solicitação de referências utilizadas para um trabalho deve se tornar uma prática comum, tanto no âmbito acadêmico, quanto nas plataformas que utilizam Inteligências Artificiais.

Diante desse cenário complexo, é preciso um debate contínuo sobre o uso ético e inteligente das novas tecnologias, principalmente, quando elas influenciam tão diretamente a produção de conteúdo autoral. É fundamental encontrar um equilíbrio entre as inovações tecnológicas e a preservação da autenticidade e dos direitos autorais. Somente assim, poderemos aproveitar os benefícios dessas tecnologias, sem comprometer a integridade intelectual e o avanço da pesquisa e da produção de conhecimento.

Se você deseja conhecer algumas formas de uso consciente das Inteligências Artificiais e até mesmo sugestões de ferramentas, acesse nosso instagram: @use_I.A e fique por dentro de tudo.

Segue abaixo algumas indicações de leitura sobre o tema:

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