Nova geração de professores fala sobre os desafios da educação

Por Bruna Rocha, Jadson Bomfim e Jennifer Pires

Brasil ocupa o 53° lugar no ranking de desenvolvimento educacional

Salários atrasados, desvalorização e reformas no ensino são alguns dos desafios presentes na rotina de professores brasileiros. Mesmo assim, muitos jovens buscam a licenciatura como formação a fim de usar o conhecimento como arma fundamental para garantir uma mudança social.

De acordo com o Censo Escolar de 2020 feito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), são 2,2 milhões de professores atuando na educação básica, sendo que a maioria dessas pessoas estão no ensino fundamental, já 386,073 estão na educação superior. Na educação básica, as mulheres são maioria em todas as fases.

Para Yuri Bonfim, estudante de Física da Universidade Federal da Bahia (UFBA), estar em sala e conseguir cativar uma criança é transformador e o seu principal estímulo em continuar a formação:

O estudante Yuri Bonfim discorre sobre o ambiente da sala de aula

DESAFIOS

Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil ocupa o 53° lugar no ranking de desenvolvimento educacional, apresentando uma das piores avaliações de pesquisa. A OCDE é formada por 38 países e tem o objetivo de proporcionar crescimento econômico e bem estar aos seus filiados.

Em algumas regiões do Brasil o índice de crianças no ambiente escolar chega a 99%, porém este número não simboliza qualidade no ensino, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 213 milhões de estudantes são considerados analfabetos funcionais, isso quer dizer que em cada 10 pessoas 3 delas têm dificuldade em compreender o que lê. .

Para a estudante de Pedagogia da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Natyele Santos, 24, poder acompanhar o processo de evolução dos seus alunos é gratificante:

Natyele Santos fala como o processo evolucionário dos seus alunos é gratificante


No gráfico acima é possível analisar o baixo interesse da população em ingressar no magistério. Resposta ao desmonte que a educação vem enfrentando nos últimos anos. Em comparação com outras profissões como, por exemplo, Direito que, entre o período de 2008 a 2018, 1.541 escritórios de advocacia foram abertos em Salvador de acordo com um cálculo realizado pela Ordem dos Advogados da Bahia (OAB-BA).

“Se a gente for avaliar em nosso país, só tem 2 cursos que são valorizados, Medicina e Direito, o resto não há essa valorização.” Conta Natyele.

Segundo dados levantados pela OCDE, a média do salário inicial dos professores do fundamental 2 é a menor entre 40 países. “E aí eu gostaria de fazer essa análise construtiva, porque se não existisse um professor ou pedagogo, a Medicina e o Direito também não existiriam. É isso que eu quero que as pessoas entendam que é importante a educação em nosso país.” questiona Natyele.

Além dos desafios socioeconômicos, Natyele diz que a classe precisa enfrentar a falta de representatividade: “Essa falta de espaço que eu digo em relação aos profissionais da área (educação), porque existe esse espaço de escuta para falar sobre educação. Porém, as pessoas que estão lá falando não tem formação na área.” afirma Natyele.

Natyele Santos fala sobre representatividade na área da educação


Para a estudante de Pedagogia, falta representatividade em cargos de liderança, há poucos professores e pedagogos ocupando vagas que dão um alto retorno financeiro: “O nosso ministro da educação ou as pessoas que ocupam cargos mais altos, que falam sobre a educação, não possuem formação na área, a maioria tem formação em direito, administração, etc.” explica a estudante da UNEB.



A reportagem tentou diversas vezes entrar em contato com uma profissional da educação formada há pouco tempo, porém, alegando falta de tempo por precisar conciliar 2 empregos e cobranças para a entrega de provas, a professora não conseguiu conversar com a nossa equipe.

Nesse mix de dificuldades e desvalorização que os professores precisam lidar diariamente, a vontade de desistir da profissão entra em cena. Mas, para quem acredita no magistério como uma missão, largar tudo não é uma opção. ”Já passei por alguns momentos desesperadores durante o curso, mas, desistir nunca passou pela minha cabeça, meu foco é formar cidadãos, com informações e estudos adequados. ” afirma Natyele.

Assim, formar uma comunidade com cidadãos letrados possibilita uma gama robusta de escolhas a seguir. Pensar na educação como elemento de transformação proporcionou a esses três jornalistas em formação construir um espaço de mudanças e hoje estejam realizados movimentos simbólicos em suas trajetórias.

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *