O trabalho dos jornalistas esportivos durante a pandemia do covid-19

Por Caio Santos

Imagina você, Jornalista Esportivo, diante de uma situação em que não consegue mais desenvolver seu trabalho de forma presencial e tendo que de uma hora para outra que se reinventar para continuar fazendo seu principal papel, o de transmitir notícias e continuar cobrindo os eventos, devido a um quadro pandêmico que fez com que todos se isolassem em suas próprias casas, em decorrência de um alto índice de contaminação de um vírus que drasticamente mudou todo o cenário mundial em vários aspectos?

A partir de março de 2020, a sociedade precisou repensar e modificar alguns hábitos e tarefas diárias para se adequar às novas medidas sanitárias. O lockdown anunciado por todos os meios de comunicação para toda população, foi se propagando e mudando o cotidiano de todas as pessoas, ocasionando problemas não apenas para o Jornalismo de modo geral, mas afetando diversas profissões e áreas afins.

Com isso, a rotina da população brasileira teve que ser alterada, devido à pandemia, que causou e vem causando, até o momento, 689 mil mortes pela doença.

Várias profissões foram afetadas, incluindo a do jornalista, com o papel fundamental de fornecer as notícias diárias para toda a população. Esses profissionais do ramo da comunicação, costumam ir às ruas em busca de conteúdo para o radiojornalismo, telejornalismo, web de jornalismo e jornalismo impresso, fazerem entrevistas e/ou acompanharem acontecimentos em geral.

Durante esse tempo sem transmissões de jogos, as emissoras esportivas passaram a reprisar confrontos antigos ou fizeram o que já vinham fazendo de casa, ou seja, trabalhando em home office.

Para avaliarmos e refletirmos sobre as principais mudanças causadas pela pandemia no campo da comunicação, principalmente a esportiva, falaremos e analisaremos os desdobramentos enfrentados por estes profissionais, para continuarem o seu trabalho neste setor.

Devido ao lockdown, onde o povo brasileiro ficou sem ir às ruas, assessores de imprensa e setoristas dos times ficaram sem ter o que cobrir. No entanto, os mesmos desenvolveram técnicas de continuarem acompanhando o dia a dia dos times brasileiros.

Foram muitas dificuldades encontradas durante este período pandêmico. A principal delas, a internet. Por vezes a rede falhava no meio de um programa, seja de televisão ou rádio. Nas transmissões radiofônicas, por exemplo, o que os radialistas têm feito é deixar uma pessoa de “Stand By” para esses tipos ocorrência. Entretanto, por vezes, também, não tinham esse suporte e a transmissão ficava falha.

Conversei com os dois lados, tanto jornalistas esportivos quanto apaixonados por futebol, como foi para eles passar por estes tempos. Muitos não pararam de consumir futebol, vendo vídeos antigos, jogando FIFA, ou até lendo um livro que retrata sobre o assunto.

A princípio, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), suspendeu os campeonatos pelo Brasil em 2020. Governos pelo mundo decretaram suspensas, atividades esportivas.

Adotando essas medidas, o Brasil não ficou de fora. Começou com redução do limite do público nos estádios.

Foto: GE

Foto: Poder 360

Pouco tempo depois, o Campeonato Brasileiro precisou ser suspenso sem previsão de retorno. Houve especulações, mas nenhuma concreta de quando o futebol retornaria.

Inglaterra, Espanha e Itália, foram os primeiros países a retornarem suas atividades esportivas, em 2021. É claro, com restrições. Começou com portões fechados, ou seja, ninguém poderia entrar nos jogos.

Foto: Albert Gea/Reuters

Gradativamente, foi aumentando. O Campeonato Brasileiro também tomou o mesmo rumo de, gradualmente, retornar às atividades com restrições. Na Bahia, por exemplo, aconteceu em outubro de 2021 com o jogo Bahia x Palmeiras, pela Série A. Inicialmente, cerca de 1.500 torcedores puderam entrar novamente na Itaipava Arena Fonte Nova.

Foto: Arisson Marinho/ Correio

No Barradão, Estádio do Vitória, a mesma coisa. No dia 23 de outubro de 2021, o torcedor rubro-negro pôde retornar na partida contra o Brasil de pelotas, pela Série B.

Foto: Vinicius Nascimento/ Correio

A busca por um local calmo e tranquilo é uma constante por parte dos jornalistas, justamente para fazer com que esses programas dessem certo. Foram pensados novos meios de produções de conteúdo. Em caso de entrevista, que por um tempo deixou de ser presencial, foram feitas online, em como a produção de podcasts.

Foto Reprodução/Paulo Andrade

Foi trabalho de todo jornalista esportivo pensar em um meio daquela notícia chegar aos olhos do telespectador. Por isso, começou a aparecer o chamado reels, um artefato que já existia no Instagram e que serviu como forma de produção de conteúdo. Foi assim, que surgiu o reels. Que também servia para produção de conteúdo. Entretanto, não transmitia jogo. Foi criado durante a pandemia, em 2020, também para entretenimento.

A criação de vídeos para interagir com o público, gerando likes, comentários e compartilhamentos, foi um meio utilizado para manter a interação com o público. Outra alternativa foi a criação do Tik Tok, um aplicativo de mídia criado para compartilhar vídeos curtos.

Nesse sentido, foi com o lockdown que passou a ser mais utilizado. Com as pessoas sem poder sair de suas casas, devido às restrições tomadas pelo governo, a população procurou algo para passar o tempo.

Desde então, o aplicativo virou febre mundo afora. A ferramenta passou a ser um material jornalístico também, quando os profissionais o usavam para reproduzir alguma notícia e passar informação.

Utilizado também nas transmissões de jogos. Aqui, por exemplo, o primeiro campeonato a ser transmitido na plataforma foi a Copa do Nordeste. Com o tempo dentro de casa, ideias foram surgindo nas emissoras e na mente dos jornalistas esportivos.

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Assim sendo, com a suspensão de eventos esportivos, muitos não souberam o que produzir. Então, foram pensando em novos meios de como continuarem levando informação ao amante do esporte.

Marinho Júnior, da Rádio Metrópole FM, se disse ter dificuldades no começo. Muita gente de suas casas, uma vez ou outra indo na sede. No momento em que começamos a retornar à normalidade, havia, claro, restrições. Distanciamento, uso de máscara, álcool em gel.

“Mudou bastante (o trabalho). No início, quando se falava de rádio, sem transmitir dentro de um estádio, era algo que o ouvinte não entendia muito bem o porquê daquela transmissão. Mas, tivemos que se adaptar. Até a rádio metrópole disse que só poderiam entrar duas pessoas, às vezes só uma no estúdio. Muita gente em casa, a gente passou por esse momento.”

Em tempos sem jogos de futebol ou de qualquer outro esporte, muitas emissoras, tanto de TV quanto de rádio, passaram a transmitir reprises de partidas anteriores. Perguntado o que foi feito na rádio para suprir essa ausência, Marinho respondeu:

“O rádio não é muito dessas coisas, reprisar jogos antigos. Então a gente tinha sempre que estar ali conversando, buscando os fatos. Ao invés de você reprisar, pode buscar peças que estavam naquela partida, o que torcedores estavam fazendo naquele dia. Tinha sempre que ter um assunto para ser comentado. Entrevista com jogador e treinador de como se cuidavam.” Comentou.

A Internet, nas transmissões esportivas, foi um meio bastante utilizado pelos jornalistas esportivos. Porém, tinha vezes que está Internet falhava e quem estava transmitindo ficava impossibilitado. Perguntado se já havia acontecido algo parecido, falou que sim. Que tiveram momentos ou que a Internet caiu ou então a energia.

“Houve momentos sim em que em jogos ou em Salvador, ou fora, a Internet caia ou a energia. Antigamente tínhamos um plantonista ou o apresentador segurava. Mas em jogo era mais complicado, é mais difícil de você continuar sem ver a partida. No caso, quando é o chamado off tube que é quando os profissionais não são enviados aos estádios, dá para notar.”

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Anderson Mattos, setorista do Vitória na Itapoã FM e do Canal do Dinâmico no YouTube, foi na contramão. Não pararam, mas também não teve jogo. Conseguiram realizar entrevistas por telefone com várias personalidades do esporte, principalmente do futebol, como no caso de Zico, ex-jogador do Flamengo e da seleção brasileira.

“Houve um momento que todo mundo contraiu a covid. Os jogos já tinham retornado, mas ninguém poderia retornar aos estádios por conta da doença.”

No momento em que foi liberada a participação da imprensa nos estádios, algumas restrições foram impostas. Claro, a utilização de máscara, álcool em gel e distanciamento foram umas.

“Quando acabou o período da obrigatoriedade do uso das máscaras, não tinha problema você se deslocar de uma cidade para outra sem máscara. Mas de um estado para o outro, quem quisesse usar usava. No entanto, também não era obrigatório. No Barradão (estádio do Vitória), era restrito. Não podia isso, não podia aquilo. Separado, não pode sair do estúdio, duas pessoas somente no estúdio. A televisão ficava há dois metros de você, então se pegava um cabo e conectava.

No mesmo de Marinho Jr, Anderson também teve problemas com a Internet.

“A gente transmite, comenta, narra, reporta, a partir de imagens da televisão. Então quando o sinal caia, ficávamos de mãos atadas. Mas tinha alternativa de pôr em alguma rádio local. Ou seja, alguma que estivesse transmitindo a partida. Eu sou repórter, você sabe, mas eu tive que narrar a partida entre Vitória x ABC porque não tinha narrador. E aí eu descrevi os lances, foi uma experiência muito legal.